A GRIPE SUÍNA E A PANDEMIA DE LUCRO
Recebi recentemente por e-mail um pequeno artigo de um médico peruano a respeito da gripe suína. Este médico de forma concisa e eficiente mostra como muitas vezes o alarde da imprensa, e as atitudes dos governos, muito especialmente do governo americano são exagerados e estão baseados em interesses financeiros.
Quero agradecer aqui ao Rev. Maurício Amazonas, da igreja Anglicana, meu professor do Seminário Batista Nacional, que frequentemente envia para seus alunos matérias interessantes como essa. Estou postando ela aqui no meu blog por considera-la interessante e bastante informativa.
Com a Palavra, Dr. Carlos Alberto Morales Paitán:
PANDEMIA DE LUCRO
2000 pessoas contraem a gripe suína e todo mundo já quer usar máscara. 25 milhões de pessoas têm AIDS e ninguém quer usar preservativo.Que interesses econômicos se movem por detrás da gripe suína?
No mundo, a cada ano morrem milhões de pessoas vitimas da Malária, que se podia prevenir com um simples mosquiteiro. Os noticiários nada falam disto! No mundo, por ano morrem 2 milhões de crianças com diarréia, que se poderia evitar com um simples soro que custa 25 centavos. Os noticiários nada falam disto! Sarampo, pneumonia e enfermidades curáveis com vacinas baratas, provocam a morte de 10 milhões de pessoas a cada ano. Os noticiários nada falam disto! Mas há cerca de 10 anos, quando apareceu a famosa gripe das aves... ...os noticiários mundiais inundaram-se de noticias... Uma epidemia, a mais perigosa de todas... Uma Pandemia! Só se falava da terrífica enfermidade das aves. Não obstante, a gripe das aves apenas causou a morte de 250 pessoas, em 10 anos... 25 mortos por ano. A gripe comum, mata por ano meio milhão de pessoas no mundo. Meio milhão contra 25. Um momento, um momento. Então, por que se armou tanto escândalo com a gripe das aves? Porque atrás desses frangos havia um "galo", um galo de crista grande. A farmacêutica transnacional Roche com o seu famoso Tamiflu vendeu milhões de doses aos países asiáticos. Ainda que o Tamiflu seja de duvidosa eficácia, o governo britânico comprou 14 milhões de doses para prevenir a sua população. Com a gripe das aves, a Roche e a Relenza, as duas maiores empresas farmacêuticas que vendem os antivirais, obtiveram milhões de dólares de lucro. - Antes com os frangos e agora com os porcos. - Sim, agora começou a psicose da gripe suína. E todos os noticiários do mundo só falam disso... - Já não se fala da crise econômica nem dos torturados em Guantánamo... - Só a gripe suína, a gripe dos porcos... - E eu me pergunto: se atrás dos frangos havia um "galo"... atrás dos porcos... não haverá um "grande porco"? A empresa norte-americana Gilead Sciences tem a patente do Tamiflu. O principal acionista desta empresa é nada menos que um personagem sinistro, Donald Rumsfeld, secretário da defesa de George Bush, artífice da guerra contra o Iraque... Os acionistas das farmacêuticas Roche e Relenza estão esfregando as mãos, estão felizes pelas suas vendas novamente milionárias com o duvidoso Tamiflu. A verdadeira pandemia é de lucro, os enormes lucros destes mercenários da saúde. Não nego as necessárias medidas de precaução que estão a ser tomadas pelos países. Mas se a gripe suína é uma pandemia tão terrível como anunciam os meios de comunicação... Se a Organização Mundial de Saúde (conduzida pela chinesa Margaret Chan) se preocupa tanto com esta enfermidade, por que não a declara como um problema de saúde pública mundial e autoriza o fabrico de medicamentos genéricos para combatê-la? Prescindir das patentes da Roche e Relenza e distribuir medicamentos genéricos gratuitos a todos os países, especialmente os pobres. Essa seria a melhor solução.
Dr. Carlos Alberto Morales Paitán, Peru
domingo, 23 de agosto de 2009
domingo, 16 de agosto de 2009
SANTIFICAÇÃO, PERGUNTAS E RESPOSTAS
1º – Exegeticamente o que é santificação?
A palavra do Antigo Testamento para “santificar” é QADOSH .O substantivo correspondente é QODESH, enquanto que o adjetivo é QADOSH. Muito provavelmente o sentido original deriva da raiz qad, que significa “cortar”. Então no A.T. a idéia original para santificação é separação.
No Novo Testamento temos o verbo HAGIAZO, que primeiramente tem o mesmo sentido que QADOSH, dando a idéia de separação. Porém, ele é empregado também em sentidos diferentes como o expresso em Mt 6.9; Lc 11.2; 1 Pe 3.15, que nos traz idéia de “considerar um objeto como santo”, “atribuir santidade a” ou “reconhecer
sua santidade por palavra ou ato”. Também é empregado em sentido ritual de “separar o ordinário para propósitos sagrados”, Mt 23.17, 19; Jo 10.36; 2 Tm 2.21. É utilizado também para expressar a operação de Deus em produzir a santidade no homem, Jo 17.17; At 20.32; 26.18; 1 Co 1.2; 1 Ts 5.23. Finalmente adquire também um sentido expiatório, Hb 9.13; 10.10, 29; 13.12.
Há também adjetivos que expressam a idéia de santidade, como HIEROS, que tem como melhor tradução a palavra “sagrado”, 1 Co 9.13; 2 Tm 3.15. HOSIOS, é a que ocorre com maior freqüência, se refere a cumprimento de obrigação moral, At 2.27; 13.34, 35; 1 Tm 2.8, Tt 1.8; Hb 7.26; Ap 15.4; 16.5. Hagnos traz a idéia de liberdade da impureza e corrupção, num sentido ético, 2 Co 2.11; 11.2; Fp 4.8; 1 Tm5. 22; Tg 3.17; 1 Pe 3.2; 1 Jo 3.3. No entanto a palavra mais característica do Novo Testamento é HAGIOS, que tem dois significados. Em alguns textos expressa separação de alguns homens para o serviço de Deus, Lc 1.70; Ef 3.5; 2 Pe 1.21; em outros expressa um sentido ético, ao referir-se a qualidades necessárias para manter comunhão com Deus e servi-lo de modo aceitável, Ef 1.4; 5.27; Cl 1.22; 1 Pe 1.15, 16. Este último sentido é o que primordialmente é usado quando falamos de santificação.
HAGIASMOS, substantivo, denota purificação ética, e inclui também “a separação do espírito de tudo que é impuro e corruptor, e uma renúncia dos pecados para os quais os desejos da carne e da morte nos levam”. Encontra-se em Rm 6.19, 22; 1 Co 1.30; 1 Ts 4.3, 4, 7; 2 Ts 2.13; 1 Tm 2.15; Hb 12.14; 1 Pe 1.2
2º – Do ponto de vista histórico, qual o posicionamento mais coerente da doutrina da santificação?
Do ponto de vista histórico o posicionamento mais coerente adotado sobre a doutrina santificação é aquele dos reformadores. Afirmavam eles que justificação é um ato legal de Deus, pela sua graça, que muda a posição judicial do homem diante de Deus, e que santificação é uma obra moral ou recriadora, mudando a natureza interior do homem. Após a justificação, inicia-se o processo da santificação, levada a efeito pelo Espírito Santo mediante a Palavra e secundariamente mediante os sacramentos.
3º – Qual a diferença entre santificação e santidade?
Santidade é primariamente aplicada a Deus. Refere-se ao seu estado de inacessibilidade, de transcendência, totalmente distinto das suas criaturas. Somente posteriormente veio a ter um sentido ético.
No homem, santidade é o estado em que ele se encontra em relação com Deus, não é mera bondade ética, mas a mesma considerada diante de Deus. E santificação é o processo na vida do regenerado no qual a santidade está inclusa.
4º – Qual o aspecto negativo e o positivo da santificação com base em sua natureza?
O aspecto negativo da santificação se refere à mortificação do velho homem. É o ato de Deus em que a contaminação e a corrupção da natureza que resultam do pecado são removidas gradativamente. E o aspecto positivo é justamente a vivificação do novo homem, criado em Cristo Jesus para boas obras. É o ato de Deus em nos capacitar para uma vida em santidade. Este aspecto positivo também é chamado ressurreição com Cristo, Rm 6.4, 5; Cl 2.12; 3.1, 2. Ambos os aspectos ocorrem de forma simultânea. E o resultado é um viver para Deus, conforme Rm 6.11 e Gl 2.19.
5º – Qual a diferença entre a verdadeira santificação, o legalismo e o liberalismo?
A verdadeira santificação é uma obra de Espírito Santo na vida dos crentes. É Deus quem realiza a obra no regenerado, 1 Ts 5.23; Hb 13.20, 21. Que por sua vez, é apenas um colaborador movido pelo Espírito de Deus. A verdadeira santificação é a obediência aos mandamentos divinos não inspirado no desejo de ser o melhor e sim no amor pelo Senhor, ou seja, obediência por amor, Jô 15.10-14; Ef 1.4.
O legalismo vê meramente os atos externos da suposta obediência a Deus, não levando em conta se tal obediência tem a motivação correta. Lembremos que Jesus foi severo com os fariseus nesse aspecto, chamando-os de hipócritas.
Já o liberalismo, reduz a santificação a um mero desenvolvimento espiritual do homem, um desenvolvimento ético/moral, sem vê nisso a ação do Espírito de Deus, a compreende na verdade como apenas uma realização humana.
6º – Quais as principais características da santificação?
As características da santificação são:
a) É uma obra cujo autor é Deus;
b) Ela ocorre na vida subconsciente do homem, como uma operação imediata do Espírito Santo; e em parte, na vida consciente, necessitando então de certos meios como o estudo da Palavra de Deus, a oração e a comunhão com outros crentes;
c) É um processo longo, e jamais alcança a perfeição nesta vida;
d) A perfeição absoluta, no que diz respeito à alma, ocorre imediatamente após a morte. E concernentemente ao corpo, quando da ressurreição.
7º – Quem é o autor e quais os meios da santificação?
A santificação é obra do Deus triúno, mas na economia da Trindade é especificamente obra do Espírito Santo, Rm 8.11; 15.16; 1 Pe 1.2. O homem é apenas um cooperador, e o faz apenas porque o Espírito Santo o capacita dia a dia.
Os meios que o Senhor usa para realizar a santificação são: a Palavra, os sacramentos e sua direção providencial. A Palavra de Deus nos traz todos os ensinamentos, exortações, proibições e incentivos necessários para vivermos uma vida de santidade com Deus. Os sacramentos, que devem estar sempre subordinados à Palavra, simbolizam e selam para nós as verdade contidas na Palavra de Deus. As providências divinas, quer favoráveis ou adversas, afetam grandemente nossas vidas, e portanto, é um meio de Deus operar a santificação em nós, Sl 119.71; Rm 2.4; Hb 12.10.
8º – Qual a relação da santificação, regeneração, justificação e fé?
A relação que há da santificação com a regeneração é que a regeneração dá-se uma única vez na vida do homem e de forma completa, sendo então o princípio do processo da santificação, Fp1.6.
A justificação, por sua vez, é a base judicial da santificação. Havendo Deus nos declarado justos diante d’Ele, com base na justiça de Cristo, tem todo o direito de exigir de nós santidade no viver. E como a santificação está baseada na justiça de Cristo, e é uma ação do Espírito Santo em nós, não temos diante d’Ele mérito algum.
E ela relaciona-se também com a fé, pois é esta a causa mediata e instrumental tanto da santificação como da justificação. Sem a fé salvífica não pode haver regeneração e justificação, portanto, não pode haver o início do processo da santificação. Esta fé deverá estar sempre presente na vida do cristão, e quanto mais vigorante ela for mais ele poderá crescer espiritualmente.
9º – Podemos alcançar a impecabilidade ou não?
Todas as teorias perfeccionistas são obrigadas a rebaixar o padrão da lei de Deus e limitar a sua teologia do pecado enxergando-os apenas em suas exteriorizações. Ademais, os textos bíblicos por eles usados para as defesas de suas teorias não são corretamente interpretados.
A verdade é que nesta vida, como nos mostra fartamente as Escrituras é impossível alcançar-mos a impecabilidade, 1 Rs 4.46; Pv 20.9; Ec 7.20; Rm 3.10; Tg 3.2; 1 Jo 1.8.
10º – Qual a relação entre a santificação e as suas obras?
Todos temos o dever de manifestar boas obras, pois elas são por assim dizer frutos da santificação. É necessário, entretanto, entendermos que essas boas obras não trazem mérito algum ao homem. Isto é verdade porque se as praticamos corretamente, ou seja, com motivações corretas que glorifiquem a Deus, é unicamente pela graça do Senhor, 1 Co 15.10; Fp 2.13. E simplesmente não fazemos mais do que nossa obrigação, Lc 17.9, 10.
As boas obras, portanto, são necessárias, afinal Deus as exige de nós, Rm 7.4; 8.12, 13; Gl 6.2, temos apenas que estar cônscios do seu real lugar.
BIBLIOGRAFIA
BERKHOF, Louis – Teologia Sistemática - Ed. Luz Para o Caminho, Campinas, São Paulo, 1996.
ELIAQUIM, Jádison – Apostila do Curso de Preparação de Obreiros da Igreja Batista dos Guararapes.
A palavra do Antigo Testamento para “santificar” é QADOSH .O substantivo correspondente é QODESH, enquanto que o adjetivo é QADOSH. Muito provavelmente o sentido original deriva da raiz qad, que significa “cortar”. Então no A.T. a idéia original para santificação é separação.
No Novo Testamento temos o verbo HAGIAZO, que primeiramente tem o mesmo sentido que QADOSH, dando a idéia de separação. Porém, ele é empregado também em sentidos diferentes como o expresso em Mt 6.9; Lc 11.2; 1 Pe 3.15, que nos traz idéia de “considerar um objeto como santo”, “atribuir santidade a” ou “reconhecer
sua santidade por palavra ou ato”. Também é empregado em sentido ritual de “separar o ordinário para propósitos sagrados”, Mt 23.17, 19; Jo 10.36; 2 Tm 2.21. É utilizado também para expressar a operação de Deus em produzir a santidade no homem, Jo 17.17; At 20.32; 26.18; 1 Co 1.2; 1 Ts 5.23. Finalmente adquire também um sentido expiatório, Hb 9.13; 10.10, 29; 13.12.
Há também adjetivos que expressam a idéia de santidade, como HIEROS, que tem como melhor tradução a palavra “sagrado”, 1 Co 9.13; 2 Tm 3.15. HOSIOS, é a que ocorre com maior freqüência, se refere a cumprimento de obrigação moral, At 2.27; 13.34, 35; 1 Tm 2.8, Tt 1.8; Hb 7.26; Ap 15.4; 16.5. Hagnos traz a idéia de liberdade da impureza e corrupção, num sentido ético, 2 Co 2.11; 11.2; Fp 4.8; 1 Tm5. 22; Tg 3.17; 1 Pe 3.2; 1 Jo 3.3. No entanto a palavra mais característica do Novo Testamento é HAGIOS, que tem dois significados. Em alguns textos expressa separação de alguns homens para o serviço de Deus, Lc 1.70; Ef 3.5; 2 Pe 1.21; em outros expressa um sentido ético, ao referir-se a qualidades necessárias para manter comunhão com Deus e servi-lo de modo aceitável, Ef 1.4; 5.27; Cl 1.22; 1 Pe 1.15, 16. Este último sentido é o que primordialmente é usado quando falamos de santificação.
HAGIASMOS, substantivo, denota purificação ética, e inclui também “a separação do espírito de tudo que é impuro e corruptor, e uma renúncia dos pecados para os quais os desejos da carne e da morte nos levam”. Encontra-se em Rm 6.19, 22; 1 Co 1.30; 1 Ts 4.3, 4, 7; 2 Ts 2.13; 1 Tm 2.15; Hb 12.14; 1 Pe 1.2
2º – Do ponto de vista histórico, qual o posicionamento mais coerente da doutrina da santificação?
Do ponto de vista histórico o posicionamento mais coerente adotado sobre a doutrina santificação é aquele dos reformadores. Afirmavam eles que justificação é um ato legal de Deus, pela sua graça, que muda a posição judicial do homem diante de Deus, e que santificação é uma obra moral ou recriadora, mudando a natureza interior do homem. Após a justificação, inicia-se o processo da santificação, levada a efeito pelo Espírito Santo mediante a Palavra e secundariamente mediante os sacramentos.
3º – Qual a diferença entre santificação e santidade?
Santidade é primariamente aplicada a Deus. Refere-se ao seu estado de inacessibilidade, de transcendência, totalmente distinto das suas criaturas. Somente posteriormente veio a ter um sentido ético.
No homem, santidade é o estado em que ele se encontra em relação com Deus, não é mera bondade ética, mas a mesma considerada diante de Deus. E santificação é o processo na vida do regenerado no qual a santidade está inclusa.
4º – Qual o aspecto negativo e o positivo da santificação com base em sua natureza?
O aspecto negativo da santificação se refere à mortificação do velho homem. É o ato de Deus em que a contaminação e a corrupção da natureza que resultam do pecado são removidas gradativamente. E o aspecto positivo é justamente a vivificação do novo homem, criado em Cristo Jesus para boas obras. É o ato de Deus em nos capacitar para uma vida em santidade. Este aspecto positivo também é chamado ressurreição com Cristo, Rm 6.4, 5; Cl 2.12; 3.1, 2. Ambos os aspectos ocorrem de forma simultânea. E o resultado é um viver para Deus, conforme Rm 6.11 e Gl 2.19.
5º – Qual a diferença entre a verdadeira santificação, o legalismo e o liberalismo?
A verdadeira santificação é uma obra de Espírito Santo na vida dos crentes. É Deus quem realiza a obra no regenerado, 1 Ts 5.23; Hb 13.20, 21. Que por sua vez, é apenas um colaborador movido pelo Espírito de Deus. A verdadeira santificação é a obediência aos mandamentos divinos não inspirado no desejo de ser o melhor e sim no amor pelo Senhor, ou seja, obediência por amor, Jô 15.10-14; Ef 1.4.
O legalismo vê meramente os atos externos da suposta obediência a Deus, não levando em conta se tal obediência tem a motivação correta. Lembremos que Jesus foi severo com os fariseus nesse aspecto, chamando-os de hipócritas.
Já o liberalismo, reduz a santificação a um mero desenvolvimento espiritual do homem, um desenvolvimento ético/moral, sem vê nisso a ação do Espírito de Deus, a compreende na verdade como apenas uma realização humana.
6º – Quais as principais características da santificação?
As características da santificação são:
a) É uma obra cujo autor é Deus;
b) Ela ocorre na vida subconsciente do homem, como uma operação imediata do Espírito Santo; e em parte, na vida consciente, necessitando então de certos meios como o estudo da Palavra de Deus, a oração e a comunhão com outros crentes;
c) É um processo longo, e jamais alcança a perfeição nesta vida;
d) A perfeição absoluta, no que diz respeito à alma, ocorre imediatamente após a morte. E concernentemente ao corpo, quando da ressurreição.
7º – Quem é o autor e quais os meios da santificação?
A santificação é obra do Deus triúno, mas na economia da Trindade é especificamente obra do Espírito Santo, Rm 8.11; 15.16; 1 Pe 1.2. O homem é apenas um cooperador, e o faz apenas porque o Espírito Santo o capacita dia a dia.
Os meios que o Senhor usa para realizar a santificação são: a Palavra, os sacramentos e sua direção providencial. A Palavra de Deus nos traz todos os ensinamentos, exortações, proibições e incentivos necessários para vivermos uma vida de santidade com Deus. Os sacramentos, que devem estar sempre subordinados à Palavra, simbolizam e selam para nós as verdade contidas na Palavra de Deus. As providências divinas, quer favoráveis ou adversas, afetam grandemente nossas vidas, e portanto, é um meio de Deus operar a santificação em nós, Sl 119.71; Rm 2.4; Hb 12.10.
8º – Qual a relação da santificação, regeneração, justificação e fé?
A relação que há da santificação com a regeneração é que a regeneração dá-se uma única vez na vida do homem e de forma completa, sendo então o princípio do processo da santificação, Fp1.6.
A justificação, por sua vez, é a base judicial da santificação. Havendo Deus nos declarado justos diante d’Ele, com base na justiça de Cristo, tem todo o direito de exigir de nós santidade no viver. E como a santificação está baseada na justiça de Cristo, e é uma ação do Espírito Santo em nós, não temos diante d’Ele mérito algum.
E ela relaciona-se também com a fé, pois é esta a causa mediata e instrumental tanto da santificação como da justificação. Sem a fé salvífica não pode haver regeneração e justificação, portanto, não pode haver o início do processo da santificação. Esta fé deverá estar sempre presente na vida do cristão, e quanto mais vigorante ela for mais ele poderá crescer espiritualmente.
9º – Podemos alcançar a impecabilidade ou não?
Todas as teorias perfeccionistas são obrigadas a rebaixar o padrão da lei de Deus e limitar a sua teologia do pecado enxergando-os apenas em suas exteriorizações. Ademais, os textos bíblicos por eles usados para as defesas de suas teorias não são corretamente interpretados.
A verdade é que nesta vida, como nos mostra fartamente as Escrituras é impossível alcançar-mos a impecabilidade, 1 Rs 4.46; Pv 20.9; Ec 7.20; Rm 3.10; Tg 3.2; 1 Jo 1.8.
10º – Qual a relação entre a santificação e as suas obras?
Todos temos o dever de manifestar boas obras, pois elas são por assim dizer frutos da santificação. É necessário, entretanto, entendermos que essas boas obras não trazem mérito algum ao homem. Isto é verdade porque se as praticamos corretamente, ou seja, com motivações corretas que glorifiquem a Deus, é unicamente pela graça do Senhor, 1 Co 15.10; Fp 2.13. E simplesmente não fazemos mais do que nossa obrigação, Lc 17.9, 10.
As boas obras, portanto, são necessárias, afinal Deus as exige de nós, Rm 7.4; 8.12, 13; Gl 6.2, temos apenas que estar cônscios do seu real lugar.
BIBLIOGRAFIA
BERKHOF, Louis – Teologia Sistemática - Ed. Luz Para o Caminho, Campinas, São Paulo, 1996.
ELIAQUIM, Jádison – Apostila do Curso de Preparação de Obreiros da Igreja Batista dos Guararapes.
sábado, 1 de agosto de 2009
500 anos de Calvino
JOÃO CALVINO
Este ano as igrejas reformadas comemoram os 500 anos de Calvino, aqui estarei postando algo sobre ele e sua teologia como forma de valorização da pessoa do reformador e como gratidão a Deus por ter usado este homem para a obra de reforma da igreja.
Soli Deo Glória!
Calvino nasceu em Noyon, em Picardy, ao norte da França, em 1509. Seu pai era um respeitado cidadão e conseguiu benefícios eclesiásticos para a educação do filho. Calvino estudou na Universidade de Paris, onde teve contatos com o humanista Guillaume Cop, e através do seu primo Pierre Olivetan conheceu as idéias protestantes. Para fazer a vontade de seu pai foi estudar Direito na Universidade de Orleans, transferiu-se depois para a Universidade de Bourges em 1529.
Ao se converter adotando as idéias da Reforma, abandonou imediatamente os benefícios eclesiásticos que recebia. Calvino foi forçado a abandonar a França em 1534 por ter colaborado com Nicolas Cop, reitor da Universidade de Paris, na elaboração de um documento no qual continha idéias humanistas e reformadoras.
Em Basiléia terminou sua grande obra “As institutas da religião cristã” em 1536 com apenas 26 anos de idade. Depois de muitas edições essa obra magnífica chegou à sua forma e edição final em 1559.
Guilherme Farel (1489 – 1565) havia sido enviado a Genebra pelo cantão de Berna para ali estabelecer a Reforma. Era um excelente pregador, mas humilde o suficiente para reconhecer sua limitação administrativa. Ao saber que Calvino estava pernoitando em Genebra não teve dúvida do que fazer. Foi até ele e lhe pediu ajuda. Calvino não estava interessado em se envolver diretamente na obra da Reforma, desejava apenas contribuir com seus escritos e para tanto necessitava de tranqüilidade para estudar. Ele se recusou, porém Farel lhe disse que Deus amaldiçoaria a ele e a seus estudos se em tão grave emergência se recusasse a ajudar. Isso impressionou tanto Calvino que ele permaneceu em Genebra e foi ordenado ministro de ensino no mesmo ano de 1536.
Dentre as mediadas reformadoras que Calvino e Farel tomaram se recusaram a dar a Ceia do Senhor àqueles que se encontravam em pecados graves e escandalosos, porém muitos desses eram pessoas poderosas e influentes na cidade, tal atitude custou-lhes o exílio. Calvino então foi pastorear uma igreja de refugiados franceses em Estraburgo. Ao contrário de Genebra, que não remunerava Calvino pelos seus serviços, e ele mesmo nada cobrava, a igreja de Estraburgo cuidava muito bem de seu pastor. Calvino aliás era um homem necessitado de muitos cuidados, pois era extremamente enfermo, tinha gastrite, hemorróidas, dores de cabeça constantes, e outras enfermidades. Em Estraburgo Calvino se casou com uma viúva de um pastor anabatista, Idelette, com quem teve um filho, que veio a falecer ainda criança em 1549. Idelette também veio a falecer.
Em 1541 Calvino foi convidado a retornar a Genebra. Ele estava satisfeito em Estraburgo e não pretendia voltar a Genebra, foi convencido a retornar em caráter temporário até pôr as coisas em ordem. Porém, ele acabou ficando permanentemente em Genebra.
Agora Calvino estabelece as Ordenanças Eclesiásticas, estabelecendo quatro classes de oficiais na igreja. Essas Ordenanças estabeleciam uma associação de pastores para dirigir a disciplina, um grupo de mestres para ensinar a doutrina, um grupo de diáconos para administrar a obra de caridade, e sobre eles, o consistório, composto de seis ministros e doze anciãos, para supervisionar a teologia e a moral da comunidade, com a faculdade de punir, quando necessário, com a excomunhão os membros renitentes.
Lamentavelmente em 1546, 28 pessoas foram executadas e 76 exiladas. E Servetus, por ter ensinado contra a doutrina da Trindade foi queimado vivo em 1553. Legalmente Calvino não foi o responsável pela morte de Servetus, foi o conselho dos Quatros, que governavam a cidade. É bom salientar que a desobediência à igreja naquela época era também desobediência ao estado, portanto, digna de morte.
João Calvino morreu em 1564, Teoldoro Beza (1519 – 1605), reitor da academia de Genebra, tomou a liderança do trabalho em Genebra.
A teologia de Calvino
Assim como nos reformadores anteriores, faremos menção apenas às principais doutrinas calvinistas.
O Deus Trino
Calvino foi o único dos reformadores que dedicou atenção à doutrina da Trindade. Ele chegou a conversar com antitrinitários genuínos, como Servetus, Gentile e Gribaldi.
Calvino foi impecavelmente ortodoxo em suas formulações sobre a doutrina da Trindade: “...quando professamos crer em um só e único Deus, pelo termo Deus entende-se uma essência única e simples, em que compreendem três pessoas ou hipóstases...” (Inst., I, XII, 20). Calvino na verdade não gostava de termos não-bíblicos como ousia, hipóstases, persona, Trinitas; porém reconheceu a utilidade deles para tornar a doutrina mais clara. Calvino jamais deturpou as Escrituras para defender qualquer doutrina, com a doutrina da Trindade não foi diferente. Acertadamente considerava fracas e espúrias provas como dizer que o plural de Deus em Gênesis 1.1, (Elohim), a tríplice manifestação de louvor dos serafins em Is. 6.3, ou a afirmação de Jesus, “eu e o pai somos um” (Jo 10.30) para afirmar a Trindade.
A providência
Em sua doutrina da providência Calvino atacou dois equívocos populares da época, o fatalismo e o deísmo. O fatalismo é uma doutrina estóico que diz haver na natureza leis que tornará inevitável tudo quanto acontece. O deísmo por sua vez, afirma que Deus criou o mundo e abandonou-o, não se relaciona com ele. Contra o fatalismo Calvino ensinou que as coisas acontecem não por causa de leis naturais, mas por determinação divina. “Que, por Sua sabedoria, decretou desde a extrema eternidade [o] que haveria de fazer e, agora, por Seu poder, executa [o] que decretou” (Inst., I.XVI, 8). Contra o deísmo ele declara que a providência “às mãos, não menos que aos olhos, diz [Lhe ela] respeito” (Inst., I, XVI, 4).
Se Deus determinou tudo o que acontece, surge a questão se Ele não se torna cúmplice das obras más dos ímpios. Calvino afirmava que não, fazendo uma distinção entre vontade e preceito de Deus. “... enquanto por instrumentalidade dos ímpios Deus leva a cabo [o] que decretou em Seu juízo absconso, não são [eles] excusáveis, como se Lhe estejam a obedecer ao preceito, que deliberadamente, violam em sua [desregrada] cupidez” (Inst. , I, XVII, 4).
A oração
A esse tema Calvino dedica o capítulo mais longo das Institutas. Ele definiu oração como “o principal exercício da fé, mediante a qual recebemos diariamente os benefícios de Deus”.
“Os fiéis não oram para contar a Deus o que ele não sabe, para pressioná-lo em suas tarefas ou apressa-lo quando demora, mas sim a fim de alertar a si mesmos para buscá-lo, para exercitar a fé meditando em suas promessas, livrando-se de suas cargas ao se elevarem a seu íntimo. [...] Mantenha esses dois pontos: nossas orações são previstas por ele em sua liberdade; contudo, o que pedimos, conseguimos pela oração.” (Com. sobre Mt 6.8).
Calvino apresentou quatro regras de oração. Primeiro: devemos nos aproximar de Deus reverentemente. Devemos evitar a leviandade de falar com Deus como quem fala com um amigo celeste, “o homem lá de cima”. A segunda regra é que oremos com uma percepção sincera de necessidade, e penitentemente.
“Deus não estabeleceu a oração
Para arrogantemente nos envaidecer perante ele
Ou valorizar grandemente nossas próprias coisas.
A oração serve para confessarmos, lamentarmos
Nosso trágico estado;
Como as crianças lançam seus problemas
Sobre seus pais,
Assim é conosco diante de Deus.
Essa percepção do pecado estimula-nos, incita-nos,
Desperta-nos a orar.”
A terceira regra segue a segunda: devemos abandonar toda a confiança em nós mesmos e humildemente suplicar perdão.
A quarta regra é que oremos com esperança confiante: “... assim prostrados e subjugados de verdadeira humildade, sejamos, não obstante, animados a orar, com segura esperança de alcançar resposta” (Inst. , III, XX, 11).
A predestinação
A teologia de Calvino é lembrada principalmente por conta da predestinação, fato curioso, haja vista que ele mesmo dá pouca atenção a essa doutrina em suas Institutas. A doutrina da predestinação de Calvino é basicamente o que Lutero, Zwínglio e Agostinho pregaram.
Resumiremos a doutrina da predestinação de Calvino em três palavras: absoluta, particular e dupla. Absoluta porque não está condicionada a nenhuma contingência finita, mas baseia-se somente na vontade imutável de Deus. Desse modo ele rejeita qualquer noção de predestinação baseada na presciência divina: “O conhecimento prévio de Deus não pode ser o motivo de nossa eleição, porque, quando Deus [olha para o futuro e] observa toda a humanidade, ele encontra a todos, do primeiro ao último, debaixo da mesma maldição. Assim, vemos quão tolamente os frívolos balbuciam quando atribuem ao puro e simples conhecimento prévio o que deve estar fundamentado na boa vontade de Deus”.
Em segundo lugar, a predestinação é particular, ou seja, pertence a indivíduos e não a grupos de pessoas. Isso implica que Cristo não morreu por todos indiscriminadamente, mas apenas pelos eleitos.
E finalmente a predestinação é dupla. Deus, para o louvor da sua misericórdia, ordenou alguns indivíduos para a vida eterna, e para louvor da sua justiça, enviou outros para a condenação eterna.
A Ceia do Senhor
A doutrina da Ceia do Senhor encontrou em Calvino um equilíbrio entre os extremos de Lutero e Zwínglio. Ele concordava com Zwínglio ao negar a presença corporal de Cristo no sacramento, ma insistia numa presença real, ainda que espiritual. Concordava com Lutero então, que a Ceia não era um mero símbolo vazio – a verdade da coisa significada está certamente ali – mas um meio de “real participação” em Cristo (Inst. , IV, XVII, 10-11).
Calvino afirma que a Ceia é primeiramente a expressão de uma dádiva da graça de Deus ao homem, e só secundariamente, uma refeição comemorativa e um ato de profissão. A Ceia portanto, fortalece a fé do comungante.
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