domingo, 13 de dezembro de 2009

O PASTOR COMO PASTOR




O supremo propósito do ministério

Este propósito considerado como supremo no ministério é o mesmo de nossas vidas, glorificar a Deus em tudo o que somos e fazemos. O pastor tem que ser de fato um homem de Deus, caso contrário não terá um ministério próspero. E quando falamos em ministério próspero não estamos nos referindo ao padrão como muitos hoje entendem ministério. Para muitas pessoas hoje o ministério pastoral se tornou uma carreira profissional. A igreja é encarada meramente como uma fonte de lucro, e o objetivo pessoal do pastor é ascender em sua denominação. Para esses “pastores” o propósito do ministério acaba sendo sua própria exaltação. Deus não é glorificado em seus ministérios e acreditam que a prosperidade material seja fator indicador de um ministério próspero. Porém, nos padrões bíblicos a prosperidade do ministério reside em uma vida cristã verdadeira que serve ao Senhor em sinceridade e preocupa-se com o bem-estar de suas ovelhas.
Quem se atreverá a afirmar que o ministério do apóstolo Paulo não foi um ministério próspero, embora sua experiência ministerial tenha sido repleta de perseguição e dor: “São ministros de Cristo? (Falo como fora de mim.) Eu ainda mais: em trabalhos, muito mais; muito mais em prisões; em acoites, sem medida; em perigos de morte, muitas vezes. Cinco vezes recebi dos judeus uma quarentena de açoites menos um; fui três vezes fustigado com varas; uma vez, apedrejado; em naufrágio, três vezes; uma noite e um dia passei na voragem do mar; em jornadas, muitas vezes; em perigos de rios, em perigos de salteadores, em perigos entre patrícios, em perigos entre gentios, em perigos na cidade, em perigos no deserto, em perigos no mar, em perigos entre falsos irmãos; em trabalhos e fadigas, em vigílias, muitas vezes; em fome e sede, em jejuns, muitas vezes; em frio e nudez. Além das coisas exteriores, há o que pesa sobre mim diariamente, a preocupação com todas as igrejas” (II Co 11.23-28). Muitos pastores de hoje não têm o apóstolo Paulo como modelo para o seu ministério. Querem viver um evangelho triunfalista, que não ensinará às pessoas buscarem que Deus seja glorificado. Eles mesmos então, não conseguirão enxergar que o alvo supremo do seu ministério deve ser glorificar a Deus.


O caráter espiritual do ministério

Ministério pastoral não é um empreendimento humano, não é uma carreira profissional. É uma missão de caráter espiritual, e o pastor então deve entende que a sua obra como pastor não é a administração financeira da igreja ou organizacional da mesma ou de algum órgão denominacional. Ele foi chamado a cuidar de vidas. O seu trabalho é conscientizar o homem acerca de Deus e Sua vontade revelada. Sendo assim, tem como instrumento a Bíblia, logo, deve conhecê-la o melhor possível. Mas, não é suficiente apenas o conhecimento teológico, ele deve viver o que prega.





O objeto do nosso cuidado pastoral

O objeto do nosso cuidado pastoral é a igreja do Senhor considerados coletivamente como o corpo de Cristo e individualmente como filhos e filhas de Deus.
Deve o pastor ter um ministério completo, ele não é um administrador de empresa, portanto, há a necessidade de acompanhar individualmente as ovelhas através de visitas, aconselhamentos e discipulados. Observemos o exemplo de Cristo em Lucas 15.4: “Qual, dentre vós, é o homem que, possuindo cem ovelhas e perdendo uma delas, não deixa no deserto as noventa e nove e vai em busca da que se perdeu, até encontra-la?”.
O pastor deve viver a preocupação pelas ovelhas, e ir em busca daquelas que se encontram desgarradas.
Lembremos que prestaremos contas ao Senhor de como estamos desenvolvendo o nosso ministério (Hb 13.7).
Vemos então duas partes em nosso ministério com as pessoas individualmente. A primeira é anunciar o evangelho para conversão daqueles que se encontram sem Cristo. Às vezes encontramos alguns desses que já professam ser crentes, mas que não passaram pela genuína experiência da conversão dentro das igrejas. A segunda implica edificação dos crentes e podemos citar como cinco necessidades específicas: confirmação, progresso, preservação, restauração e consolação.


A obra do ministério pastoral

Um aspecto sumamente importante do ministério pastoral é a pregação pública da Palavra de Deus. A pregação da Palavra no culto público é papel do pastor. Ele é o responsável pela edificação da igreja.
Um segundo aspecto é a ministração do Batismo e da Santa Ceia.
Um terceiro aspecto é a direção do culto. Cabe ao pastor conduzir as orações e o louvor no culto. Quando dizemos que cabe a ele conduzir o louvor no culto não nos referimos a que ele seja a pessoa que estará cantando os louvores com a igreja, isso pode ficar à cargo do ministro de louvor ou do ministério de louvor. Referimos-nos sim à questão de que ele deve estar atento para que os hinos cantados realmente adorem ao Senhor.
O quarto aspecto é o cuidado específico dos indivíduos, como já mencionamos.
O pastor também deve ter atenção especial para com as famílias. Família bem estruturada e sadia implicará crentes sadios espiritualmente e diminuição de problemas na igreja.

domingo, 6 de dezembro de 2009

TEOLOGIA PASTORAL

Minha próximas três postagens serão extraídas de um trabalho realizado para o meu curso de teologia da cadeira de Teologia Pastoral.



Muitos pastores hoje, vivem uma crise de identidade ministerial, e ela se torna ainda mais grave quando eles não percebem esta realidade. Pastores que não encaram corretamente o seu serviço na igreja e para a igreja. Ao contrário disso, preocupam-se exageradamente com questões administrativas relativas às finanças da igreja. Enquanto isso, ovelhas se encontram desgarradas, crentes estão com vida espiritual definhando, o púlpito está repleto de mensagens de teor humanista e a igreja acomodada sem evangelizar e tímida para viver e proclamar os preceitos bíblicos.

A tarefa pastoral é sumamente difícil, e em nossos dias muitos ministros de Deus se vêem pressionados a mostrar resultados exigidos pela igreja. Estes resultados geralmente são de caráter quantitativo. Alguns, devido ao ativismo ao qual é empurrado pelo contexto cristão de nossa época acabam esquecendo que antes de tudo têm de ser fiel ao Senhor para então estar em condição de apascentar outros. Lembremos que antes de Jesus mandar que Pedro apascentasse suas ovelhas ele lhe perguntou se o amava (Jo 21.15-19).

domingo, 22 de novembro de 2009

A CABANA

SEGUE UMA CRÍTICA DE UM PROFESSOR DO SAT (Seminário Anglicano de Teologia) acerca do livro de ficção mais lido no momento. Se você já leu o livro não deixe de ler esta crítica, é muito interessante.



A Cabana - Tenda da Verdade ou Abrigo de Heresias?
Impressões e Reflexões de um Ministro Reformado
Rev. Marcus O. Throup

Introdução
Não pretendo fazer uma detalhada análise do livro A Cabana, de William P. Young (Sextante, Rio de Janeiro, 2008), muito menos uma resenha crí¬tica. O meu objetivo, dentro da perspectiva reformada é simples “tecer alguns comentários e tirar algumas conclusões consoantes ao teor e valor teológico da obra por meio de uma série de reflexões”. Essas reflexões provém de uma leitura inicial, isso sendo o caso, trata-se de opiniões embriônicas e impressões que poderão sofrer adaptações e (ou) correções posteriores.
Já que o foco do presente trabalho serão as questões que tangem a espiritualidade do livro, não comentaremos, a não ser de passagem, a arte literária do autor ou quaisquer outros assuntos que, embora válidos em si, fogem da nossa proposta. Pretendo, por outro lado, tomar como espécie de parceiro de diálogo a avaliação crí¬tica deste livro por Norman L. Geisler e Bill Roach[1]. De todas as reações e respostas ao livro disponí¬veis em lí¬ngua inglesa, achei essa a mais interessante, por ter sido escrita por tão renomado e influente teólogo reformado (Geisler). Em antecipação de possíveis objeções, preciso deixar claro que escrevo com a presunção que a maioria já esteja familiarizada com a obra, e, por isso, dispenso qualquer descrição prolongada da obra como um todo, me limitando a uma breve apresentação da mesma. Reconheço que como o autor nos urge a reconhecer que lidamos com uma obra de ficção, concedendo que, ao pé da letra, seria injusto tratá-la como se fosse um ensaio em teologia sistemática[2].
Por outro lado, como se sabe que qualquer gênero literário é um veí¬culo para a comunicação de verdades ou inverdades, em um mundo onde o público tende a dar crédito ao fictí¬cio (lembramos da reação popular ao “Código Da Vinci” de Dan Brown), a identificação e avaliação das afirmações teológicas provenientes de qualquer obra cristã mesmo fictí¬cia se tornam distintamente importante para aqueles que se preocupam com a preservação da sã doutrina da Igreja de Cristo.

O pano de fundo e história básica de A Cabana
Embora classificado como ficção cristã, na versão inglesa de A Cabana há uma secção final, onde o autor William P. Young explica que a sua luta para responder às grandes questões existenciais e sua própria dissatisfação como estudante de um seminário cristão o motivou a escrever o livro[3]. Em 2005, Deus teria revelado a ele que aquele seria o ano do Jubileu, e a partir desta experiência Young escreveu a obra cujo protagonista Mackenzie (Mack), é consciente e confessadamente modelado no autor.
A história do livro gira em torno de um suposto encontro com Deus em uma cabana, após Mack ter recebido um convite escrito de Papai Deus Pai. Mack tem um passado trágico, tendo sido abusado fisicamente pelo pai, o qual (significativamente para os propósitos de Young) era um líder da igreja. Mack teria envenenado o próprio pai e abandonado seu lar, e embora não predomine na história, o relacionamento trágico com seu pai e a possibilidade do perdão e conserto dessa relação funciona como elemento sub-narrativo.
O fio principal da história diz respeito a filha casula de Mack, Missy. Missy foi sequestrada e morta por um maníaco, assassino serial de crianças. À luz desta configuração biográfica a narrativa nos apresenta um homem pai de família normal lutando com Deus e consigo mesmo para entender os porquês das tragédias e sofrimentos da vida humana.
A Cabana, portanto, é um ensaio na área de teodicéia e a temática da existência do mal e o problema do sofrimento relacionado à crença em um Deus que é justo, amoroso, e onipotente. Porém, a obra aborda outros temas teológicos, tais como a natureza de Deus, a questão da salvação em Cristo, o pecado e o castigo divino, o arrependimento e o perdão, mas, sempre da perspectiva crítica daquele que questiona o cristianismo ortodoxo e desacredita na igreja como instituição.

A quebra de paradigmas religiosos e a apresentação nada ortodoxa da Trindade
Preponderante em A Cabana é a preocupação do autor com a quebra de paradigmas religiosos consideradas como estereótipos. As palavras “verifique a verdade de seus paradigmas, os seus padrões, daquilo em que você acredita” (184) poderiam ser a máxima da obra. Em cada passo o protagonista Mack é obrigado a repensar seus conceitos sobre Deus “Deus Pai, Papai” é uma mulher negra; Jesus “para a surpresa de Mack “não é um homem branco e sim judeu; além do mais, não é bonito; o Espí¬rito Santo aparece como personagem feminina “a asiática Sarayu”[4].
Se o aparente iconoclasmo da apresentação da Santíssima Trindade nos parece um tanto chocante ou assustador (reação que o autor queria provocar nos seus leitores), precisamos ler nas entrelinhas e entender essa crí¬tica a partir do seu contexto cultural. Por um lado conhecemos muitas igrejas nos Estados Unidos que pregam a sã doutrina e crescem com vida em Deus. Todavia, sabemos também que existe um lado digamos, sombrio do protestantismo norte americano. Alguns setores da igreja estadunidense ainda hoje estão caracterizados pelo apartheid (igrejas de brancos x igrejas de negros), por um chauvinismo opressor, por um alienado fundamentalismo introspectivo e dualista, e um tradicionalismo pelagiano e moralista.
Que Deus Pai, “Papai” é uma mulher negra e o Espí¬rito Santo uma mulher asiática, sugere que estamos diante de uma satí¬rica denúncia desse racismo e patriarcalismo. A surpresa de Mack que Jesus não é um homem branco e, sim, um judeu expõe a ignorância religiosa tí¬pica da cultura (popular) ocidental de um modo geral, levantando simultaneamente e de forma leve a questão do anti-semitismo[5].
Semelhantemente, o fato que Papai gosta de escutar funk e blues[6] e não como Mack imagina música sacra representa, presumivelmente, a tentativa do autor de desmascarar um rí¬gido moralismo que se isola da sociedade em uma atitude farisaica, maniqueísta e intolerante. Imaginemos que aqueles que são alvo da crí¬tica condenariam sumaria e precipitadamente qualquer composição que pudesse ser rotulada música do mundo.
Para ser justo ao autor, é importante registrar que as inesperadas personificações de Deus, com a legítima exceção de Jesus, não são absolutas, e, em conexão com isso, as palavras explicativas de Papai quanto ao gênero de Deus soam não meramente como bom senso, mas como boa teologia: “Eu não sou masculino nem feminino, ainda que os dois gêneros derivam da minha natureza” (83)[7].
Todavia, para o cristão ortodoxo, independente da possí¬vel validade profética da radical representação da Santí¬ssima Trindade em A Cabana, há dificuldades a nível teológico. Por exemplo, embora Deus afirme: “Sou um só Deus e sou três pessoas, e cada uma das três é total e inteiramente o um” (91) é verdade, como observam Geisler e Roach, que do ponto de vista doutrinário o retrato que Young faz da Trindade se inclina ao triteísmo.
Conforme Young, a unidade de Deus não é em uma só essência (natureza), segundo a postura ortodoxa. É, pelo contrário, uma união social de três pessoas separadas[8].
Novamente, segundo Geisler e Roach a negação de qualquer esquema de hierarquia na Trindade choca com preceitos bí¬blicos referente à submissão do Filho ao Pai. Em seguida criticam a visão igualitária de Deus apresentada pelo autor. Mas, essa crí¬tica é apenas parcialmente válida. Vale lembrar que gigantes da ortodoxia como Atanásio e Agostinho de Hipona insistiram no status igual das três pessoas da Santíssima Trindade[9]!
Não é que Young esteja errado em enfatizar a unidade e igualdade das três pessoas da Trindade, na verdade, sua apresentação do amor que existe na divindade é convincente e original. Tampouco o autor erra ao expor o institucionalismo hierárquico (frequentemente falho e corrupto) que caracteriza muitas religiões mundiais: qualquer cristão conscientizado assentiria às palavras do personagem Jesus, “uma quantidade enorme de coisas que são feitas em meu nome não tem nada a ver comigo” (166). Porém, ao fundamentar seu anti-institucionalismo religioso na sua releitura das interrelações da Trindade, o autor corre o risco de jogar o beber fora junto com a água do banho. Como Geisler e Roach afirmam, o relacionamento hierárquico de submissão e obediência em amor da Trindade que estar evidente nos evangelhos é o padrão sadio para a vida humana em famí¬lia, igreja e sociedade. Young é infeliz na medida em que negligencia ou exclui essa dimensão do ensino escriturí¬stico, e ao optar pela cabana vazia em preferência à convivência de uma comunidade cristã se esquece das palavras bí¬blicas: “Não abandonemos a prática de nos reunir, como é o costume de alguns, mas, pelo contrário, animemo-nos uns aos outros, quanto mais vedes que o Dia se aproxima” (Hb 10.25)[10].
O que mais preocupa o leitor ortodoxo na versão Youngiana da Trindade seja a escolha do nome “Sarayu” para o Espí¬rito Santo. Em consciente paralelo à etimologia do termo bíblico ruah, Sarayu, segundo o autor, significa “vento”. Todavia, o nome Sarayu é oriundo das escrituras hinduí¬stas onde representa um rio mí¬tico em cuja margem teria nascido o deus Rama[11]. Isso nos leva em direção às próximas considerações.

A questionável soteriologia de Young
A Cabana, embora estritamente falando não compactue com o pluralismo religioso, parece tender ao universalismo ou pelo menos a uma compreensão inclusivista da salvação. Em um trecho do livro bastante polêmico, Jesus, após confessar que não é um cristão, explica ao protagonista Mack que:
Os que me amam estão em todos os sistemas que existem. São budistas ou mórmons, batistas ou muçulmanos... Não tenho desejo de torná-los cristãos, mas quero me juntar a eles em seu processo para se transformarem em filhos e filhas do Papai, em irmãos e irmãs, em meus amados.
- Isso significa que todas as estradas levam a você?
De jeito nenhum “sorriu Jesus. ... A maioria das estradas não leva a lugar nenhum. O que isso significa é que eu viajarei por qualquer estrada para encontrar vocês... (168-9).
A frase chave aqui seria a declaração de Jesus referente aos seguidores de outras religiões: “Não tenho desejo de torná-los cristãos”. Mas, o que é que significa isso exatamente? É possí¬vel sustentar a partir do contexto do capí¬tulo (o de um diatribe contra a religião organizada) que esta afirmação diga respeito à adesão ao cristianismo, isto é, à igreja como instituição, e não a conversão a Cristo. Porém, isso não seria a leitura natural do texto. A afirmação, entendida à luz da sua complementação: “A maioria das estradas não leva a lugar nenhum. O que isso significa é que eu viajarei por qualquer estrada para encontrar vocês” representa o inclusivismo, argumento que a salvação é em Cristo, mas que Ele se faz presente a pessoas de outras religiões, podendo salvá-las através de crenças não cristãs e não necessariamente centradas na cruz do Calvário. As palavras de Jesus: “quero me juntar a eles em seu processo [ênfase minha] para se transformarem em filhos e filhas do Papai”, parece apoiar essa conclusão. Se esta for a interpretação correta deste trecho, fica evidente que o mesmo traz sérios problemas para o leitor ortodoxo cuja doutrina da salvação é exclusivista (Atos 4.12; Jo 14.6)[12].
Além de um equí¬voco quanto à encarnação “Young transmite a idéia de que todas as três pessoas se encarnaram enquanto a Bíblia deixa claro que a encarnação envolve apenas a segunda pessoa da Trindade[13] “a teologia da cruz de A Cabana é também suspeita. Deus Pai é descrito como tendo cicatrizes no punho (206), como se sofresse na cruz de modo igual a Jesus. Embora seja uma metáfora comovente, confunde os papéis desempenhados pelo Pai e Filho no processo salví¬fico e soa como heresia[14]. Igualmente, em referência a Mateus 27.46, a negação de uma separação de fato do Pai e do Filho no Calvário: “Independente do que ele sentiu no momento, eu nunca o deixei” (86), vai de encontro à teologia reformada, a qual sustenta que tal separação realmente aconteceu, pois ao morrer na cruz Jesus tornou-se pecado por nós, a fim de que “nele fôssemos feitos justiça de Deus” (2 Co 5.21)[15].

A inversão das fontes da teologia e a redução da importância da Bí¬blia para comunhão com Deus
Outro aspecto alarmante de A Cabana é a sua inversão da hierarquia das fontes da teologia. Desde Richard Hooker no século XVI, teólogos têm estabelecido que Deus se revela através das Escrituras Sagradas, a Razão humana e a Tradição, acrescentando posteriormente a quarta categoria de Experiência. Para teólogos reformados, a Bíblia é a nossa suprema fonte no que diz respeito à revelação de Deus, a experiência sendo interpretada à luz dela. Na obra de Young, porém, onde operam claras tendências ao misticismo, a experiência do personagem principal de novas revelações pessoais prevalece, a Bí¬blia sendo interpretada a partir dessas experiências.
Está claro que Young faz inumeráveis alusões às Escrituras Sagradas e algumas das suas conclusões são biblicamente sustentáveis e até teologicamente saudáveis[16]. É, portanto, sumamente irônico que A Cabana como um todo solapa a importância da Bí¬blia na vida do cristão. Em um dado momento na cabana (105), antes de dormir Mack começa a ler a Palavra de Deus, mas, a sua leitura é encurtada, pois Deus desliga a luz do quarto! Não precisamos perguntar que tipo de mensagem o autor quer passar com tal detalhe...
De modo geral, como muitos que procuram se livrar de aspectos da ortodoxia bí¬blica, Young parece utilizar um argumento “espí¬rito contra letra” em uma distorção do ensino do apóstolo Paulo. Assim Young critica de forma bastante genérica “e, portanto, injusta “a maneira pela qual se ensina a teologia básica nas igrejas”.
Reconhecemos, porém, que em uma cultura onde o fundamentalismo bí¬blico é o solo fértil para seitas pseudo-cristãs, torna-se necessário o questionamento do uso que se faz da Bíblia. Nesta conexão, não obstante as rotineiras generalizações quanto à escola dominical, as afirmações nas páginas 184-5 que a Bíblia não se trata de um livro de regras, e, sim, um livro através do qual se relacionar com Deus parece teologicamente relevante no contexto norte americano.

A abordagem de Young quanto ao problema do mal e sofrimento
O cerne do trabalho de Young é a teodicéia, popularmente resumido por meio de perguntas como: se Deus é bom e justo, por que existe o mal e o sofrimento no mundo? Em A Cabana o questionamento peculiar do personagem Mack se relaciona ao assassinato terrí¬vel da sua filha Missy: por que Deus teria permitido isso acontecer? Papai (Deus Pai) responde:
Eu sabia que minha Criação iria se rebelar, que escolheria a independência e a morte, e sabia o que me custaria abrir um caminho para reconciliação. A independência do ser humano liberou o que parece a você um mundo de caos aleatório e apavorante. Eu poderia ter impedido o que aconteceu com Missy? A resposta é sim.
Mack olhou para Papai, os olhos fazendo a pergunta que não precisava ser verbalizada. Ele continuou:
- Primeiro, se não tivesse havido a Criação não haveria essas questões. Em segundo lugar eu poderia ter optado por interferir ativamente no que aconteceu com ela. Jamais considerei a possibilidade de deixar de criar, e interferir no caso de Missy não era uma opção, por causa de propósitos que você não pode entender agora... (206).
O diálogo continua. Deus afirma seu amor pelo Mack, e Mack afirma que confia nele, mesmo sem “entender direito” (207). Mesmo que a fala de Deus: “interferir no caso de Missy não era uma opção, por causa de propósitos que você não pode entender agora” parece escapismo da parte do autor, porém, no campo de teodiceia está evidente que há muito que está atualmente fora do nosso alcance intelectual.
Em linhas gerais, o estudo de Young sobre a teodiceia segue o ensino bí¬blico. Primeiramente, assim como nas Escrituras Sagradas, está claro em A Cabana que de maneira nenhuma Deus está responsável pelo mal no mundo, mas que, pelo contrário, ele é capaz de criar o bem em meio ao mal:
Mack, eu crio um bem incrí¬vel a partir de tragédias indescrití¬veis, mas isso não significa que eu as orquestre (173).
Em segundo lugar, a existência do mal nessa vida é atribuí¬da ao pecado do homem: “Todo o mal decorre da independência, e a independência foi a escolha que vocês fizeram” (178). Em terceiro lugar, o veredicto escatológico do livro partilha da esperança que se ler nas Escrituras Sagradas: “O mal é o caos, mas não terá a palavra final” (178), poderí¬amos acrescentar que a palavra final pertence ao Senhor Jesus, o alfa (iní¬cio) e Ômega (fim).
Entretanto, Young exibe uma hamartiologia [a doutrina do pecado] seriamente errante ao negar que Deus castiga o pecado[17], e, ao contemplar o mal apenas de forma passiva, “o mal é uma palavra que usamos para descrever a ausência de Deus” (123-4). A terminologia grega do Novo Testamento revela que o mal em forma de pecado tem tanto a dimensão passiva (de não acertar o alvo), como a dimensão ativa (de transgredir a lei de Deus).
Mesmo que Young tente evitar criar a impressão de que Deus esteja limitado no que diz respeito ao mal e o sofrimento, pode ser que a sua insistência que as escolhas humanas têm de prevalecer, acabe transmitindo a idéia de uma deidade que gostaria de ajudar, mas cujas mãos estão amarradas “pelo menos, por enquanto”. A Bíblia não apresenta essa visão tí¬pica de Process Theology e a chamada teologia relacional. Na verdade, embora segundo os seus divinos propósitos Deus permita o sofrimento como consequência do pecado, toda a escritura testifica que quando Ele quiser, Deus age por intervenção direta em determinadas situações na vida de determinadas pessoas.

Conclusão
Na Inglaterra, há mais de 300 anos, um pregador e autor cristão foi encarcerado às ordens da autoridade eclesiástica. O nome do prisioneiro era John Bunyan, e o livro que passou a escrever na cadeia, O Peregrino, um clássico de ficção cristã protestante (o primeiro exemplo do gênero moderno!?) o que tem se tornado fonte de encorajamento espiritual para crentes do mundo inteiro.
Ao terminar a leitura de A Cabana, alguns líderes cristãos querem fazer a William P. Young o que foi feito a Bunyan[18]. Outros se empolgarão com a leitura e considerarão Young um herói da fé[19]. Portanto, perguntemos se um dia, no futuro, o livro se tornará um novo O Peregrino como alguns têm sugerido. A minha resposta é não.
Embora o livro esteja repleto de alusões escriturísticas e referências à Bí¬blia, diferente de “cristão” em O Peregrino, para Mack, a Bí¬blia não representa a arma com a qual combater as forças do mal, nem a fonte principal de revelação divina. Cheguemos a conclusão que o princí¬pio reformado sola scriptura, que caracteriza a obra de Bunyan, não tem lugar no trabalho de Young.
É verdade que muitos resenhistas norte-americanos e internacionais têm falhado em não analisar o livro dentro do contexto religioso dos Estados Unidos, e temos visto que como espécie de protesto contra uma religiosidade rí¬gida e doentia, A Cabana talvez seja avaliado positivamente. Por outro lado, o seu anti-institucionalismo e rejeição total da Igreja como entidade social e histórica contraria o ensino de Cristo. Young precisa enxergar que não se corrige os erros da Igreja por fugir dela, e, sim, por persistir nela e tentar reformá-la por dentro.
Para críticos brasileiros será fácil condenar a obra em prol do seu débio conteúdo doutrinário. Talvez o livro não tenha muita relevância no contexto do cristianismo brasileiro. Contudo, para aqueles que conhecem mais de perto a realidade da sociedade pós-cristã do mundo anglo-saxão, com importantes ressalvas A Cabana tenha certo valor no combate ao secularismo, ateí¬smo e anticristianismo que predomina naquele meio. Contudo, para alguns leitores será mais uma justificativa para a adoção de uma perspectiva relativista, pluralista, e sincretística no que diz respeito a espiritualidade.
Não é um livro que eu recomendaria ao neófito; não é um livro que seja naturalmente estudado no âmbito da instrução de leigos. Para ser justo ao autor, este não seria o propósito do livro. É, porém, um livro fascinante, que talvez seja interessante para análise em seminários teológicos, onde com o auxí¬lio de professores capazes de mostrar os seus erros, A Cabana seja estudado cuidadosamente onde se aplica o princípio paulino: “examinando tudo, conservai o que é bom” (1 Ts 5.21).
É justamente isso que temos tentado fazer aqui.



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[1] GEISLER, L. Norman. ROACH, Bill. The Shack: Helpful or Heretical? A critical review by Norman L. Geisler and Bill Roach, em www.worldviewtimes.com
[2] Embora contenha observações importantes, a avaliação feita pelo teólogo renomado Norman Geisler me parece, às vezes, incorrer neste erro.
[3] É uma pena que a editora brasileira dispensou esse trecho, o qual contém valiosos insights sobre o livro.
[4] A objeção de Geisler é caracterização fí¬sica e corporal de Deus Pai e Deus Espí¬rito (somente Jesus seria um ser corporal) parece um tanto injusto, uma vez que lidamos com protagonistas em uma história. Se Young não devia ter representado a primeira e terceira pessoa da Trindade dessa forma, poderíamos questionar como exatamente a representação devia ter sido feito neste meio literário.
[5] Enquanto Geisler e Roach condenam a representação alternativa da Santí¬ssima Trindade notando a insatisfação de Young com a doutrina ortodoxa, parecem não enxergar o valor potencialmente “profético” dessa representação como uma crí¬tica ao modus vivendi de muitas igrejas da sua terra.
[6] Cf. p.81.
[7] Não que chamemos Deus Pai de “mãe” ou optar por uma hermenêutica feminista, mas, diferente da categórica negação de Geisler e Roach, há lugares nas Sagradas Escrituras onde o aspecto, digamos, feminino de Deus aparece metaforicamente, ex. Is 66.10-13.
[8] Por outro lado, poderíamos fazer a mesma crí¬tica de teólogos profissionais (notavelmente Jurgen Moltmann), e sabemos que nunca foi tão fácil representar de forma equilibrada e misteriosa a simultânea individualidade e unidade do Deus trino. Será que é justo pedir do autor tanta precisão em uma obra desse tipo?
[9] Da parte de Geisler e Roach falta uma explicação em termos da distinção entre o trinitarianismo imanente (como Deus é em sua essência, ou seja, a sua natureza em si) e o trinitarianismo econômico (como Deus é na sua auto-revelação ao mundo). O consenso ortodoxo é que existe na Trindade uma igualdade essencial, mas uma submissão (do Filho ao Pai e do Espí¬rito aos dois) na sua operação “não que submissão sugira superioridade e inferioridade; falamos apenas em papéis distintos”.
[10] Young gasta energia e tinta em desconstruir a Igreja como instituição, mas reconhece que a Igreja como conceito demanda relacionamentos e a construção de vida em comunidade (cf. a discussão sobre a Igreja na página 165). O problema é que ele não oferece nenhuma solução construtiva para uma reconstrução da Igreja, se reservando a abstrações. E uma coisa é derrubar aquilo que está errado; E outra coisa cultivar o que está certo e construir um paradigma saudável.
[11] No gênero ficção cristã, é comum utilizar nomes e simbologia provenientes de mitologias pagãs. J.R.R. Tolkein e C.S. Lewis fizeram uso da mitologia nórdica e celta nas suas obras fictí¬cias. O problema aqui é a identificação da terceira pessoa da Trindade com elementos míticos oriundos de uma religião não cristã, o que parece, no mí¬nimo, um sincretismo desnecessário e desconcertante.
[12] Preocupados em citar textos provas que garantam a particularidade da salvação em Cristo, Geisler e Roach parecem desperceber a sutileza ou ambiguidade (proposital?) da narrativa aqui. Seria, no mí¬nimo, importante comentar esta dimensão.
[13] “Quando nós três penetramos na existência humana sob a forma do Filho de Deus, nos tornamos totalmente humanos” (89).
[14] Geisler e Roach rejeitam qualquer possibilidade do sofrimento de Deus Pai citando o patripassionismo [heresia primitiva segundo a qual Deus Pai teria sofrido na cruz também], alegando que tal noção herética fere o princí¬pio da imutabilidade de Deus (o sofrimento implica mudança). Por outro lado, a ausência total de qualquer ordem de sofrimento da parte do Pai (pensemos em termos emocionais ou espirituais) tem sido contestado por alguns teólogos modernos da tradição luterana, e, se por um lado, a constatação dela resolve algumas dificuldades teológicas, certamente cria outras.
[15] Cf. STOTT, John, A Cruz de Cristo. São Paulo: Vida Nova, 2004, pp.70-71.
[16] O tratamento do perdão no livro me parece ser largamente fiel ao testemunho bí¬blico, e potencialmente útil.
[17] Veja as constatações na página 109.
[18] Geisler e Roach?
[19] Até agora o livro tem sido recebido favoravelmente por Eugene Peterson e o cantor Michael W. Smith entre outros.


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Rev. Marcus Oliver Throup; é Presbítero da Diocese do Recife; Secretário Diocesano de Relações Internacionais; membro da Equipe Pastoral da Con-Catedral Anglicana da Ressurreição, João Pessoa-PB; Capelão do Seminário Teológico Anglicano (SAT-PB).

sábado, 24 de outubro de 2009

VIVENDO A PLENA SEGURANÇA

ROMANOS 8.31-39

A doutrina da perseverança dos santos é sem dúvida uma das mais importantes doutrinas bíblicas, e aqueles que não a aceitam em termos práticos para suas vidas estão deixando de usufruir de uma grande bênção divina, qual seja, essa segurança maravilhosa que Ele nos concede.

Não há nada mais libertador, mais maravilhoso neste mundo do que sabermos que somos amados pelo Senhor; pois seu amor é eficaz em nossas vidas, e a perseverança está bem fundamentada em seu amor para com seus eleitos.

Como podemos viver a plenitude da segurança em Cristo?

Observemos por meio do texto em questão que podemos ter algumas certezas que nos farão nos sentir plenamente seguros em nossa caminhada com Cristo. Devemos, pois, viver tendo estas certezas:


I – TENDO A CERTEZA DE TER DEUS A NOSSO FAVOR, V. 31.
1. Embora tenhamos muitos adversários, 31.
O pecado que habita em nós é um poderoso adversário.
Nosso maior inimigo não é como alguém poderia pensar, o diabo, na realidade nós mesmos somos nosso maior inimigo. Quando somos tentados diz a Palavra, o somos atraídos pela nossa própria concupiscência. (Tg 1.14)
A morte continua sendo uma inimiga, embora já derrotada.
A morte já está derrotada pelo fato de que Cristo a venceu por meio da sua ressurreição e que temos então a garantia de que ele é as primícias dos que dormem. Ela será abolida definitivamente quando da volta do nosso Senhor.
O diabo é o nosso adversário.
"Então, ouvi uma grande voz no céu, que dizia: Agora é chegada a salvação, e o poder, e o reino do nosso Deus, e a autoridade do seu Cristo; porque já foi lançado fora o acusador de nossos irmãos, o qual diante do nosso Deus os acusava dia e noite" (Apocalipse 12.10).
O mundo é contra nós.
Não podemos nos iludir acerca dessa verdade, não podemos achar que o mundo não é contra nós. Seus conceitos, seus valores encontram-se corrompidos pelo pecado, portanto deve encontrar uma oposição por parte da igreja do Senhor. Não terrível ter o mundo contra nós, terrível seria ter o Senhor contra nós.

Mesmo com tantos adversários podemos estar tranqüilos, pois afinal temos o Senhor ao nosso favor.
Nada seria mais terrível do que ter o Senhor contra nós. No A. T. Ele diz: “Eu sou contra ti” para as nações pagãs (Jr 50.31; 51.25; 29.3; etc;) para Israel em tempos de idolatria; para os falsos pastores e profetas (Ez 13.8s, 20; 14.9). Não é o caso em Rm 8.31, a situação aqui considerada é aquela em que Deus é por nós.


2. Pois Ele vela pela Sua obra, Fp 1.6.
“Estou plenamente certo que aquele que começou a boa obra em vós há de completá-la até ao Dia de Cristo Jesus.”
O senhor realiza em nós uma obra completa, não deixa pela metade. Ele não nos abandona à nossa própria sorte em nosso processo de santificação, pelo contrário, nos sustenta, nos concede graça para permanecermos em sua presença, e ainda se viermos a nos desviar dele, nossos pecados não poderão anular Sua obra em nós.


II – TENDO A CERTEZA DO AUXÍLIO DE CRISTO, V. 33, 34.
1. Por meio de sua obra justificadora, v. 33.
É aquilo que temos dito em outras ocasiões, a salvação é totalmente monergística, ou seja, é um ato total de Deus sem contribuição humana para a mesma. Cristo justifica o pecador, e ao fazê-lo nos livra da culpa do pecado original e não há como voltarmos a um estado de culpa diante do Senhor. O débito já foi pago, Cristo mesmo o pagou sofrendo, obedecendo e morrendo em nosso lugar. Ele nos auxiliou nos concedendo a salvação e nos auxilia ainda hoje...

2. Por meio de sua intercessão, v. 34b.
O que quer dizer com intercede por nós?
A obra intercessória de Cristo diz respeito a todo o seu ministério a nosso favor, o texto aqui aborda a questão judicial de ele ter pago o preço para a nossa salvação. Há também um aspecto relativo à nossa santificação, pois Hb 4.15; 2.18 diz o seguinte: “Porque não temos sumo sacerdote que não possa compadecer-se das nossas fraquezas; antes, foi ele tentado em todas as coisas, à nossa semelhança, mas sem pecado.”
“Pois naquilo que ele mesmo sofreu, tendo sido tentado, é poderoso para socorrer os que são tentados.”

Portanto saiba meu irmão e minha irmã que Cristo estará a lhe socorrer no momento de sua tentação.
Ele ainda intercede por nós nas coisas concernentes à Deus, pois esse é o papel do sumo sacerdote conforme Hb 5.1. Em Jo 17 ele ora pelos apóstolos e por aqueles que viriam a crer nele, ou seja por sua igreja, por nós. Lembremos que temos a nosso favor um sumo sacerdote perfeito, e ele de fato é merecedor de todas dádivas do Pai, sua oração é eficaz, ele mesmo disse que o pai sempre o ouve, sempre responde à sua oração: “...Pai, graças te dou porque me ouviste. Aliás, eu sabia que sempre me ouves, mas assim falei por causas da multidão presente, para que creiam que tu me enviaste.” (Jo 11.41, 42)


III – TENDO A CERTEZA QUE SOFRIMENTO ALGUM NOS SEPARARÁ DO AMOR DE CRISTO, 35-37.
1. Pois somos mais que vencedores, v. 37.
Em nosso mundo de mensagem triunfalista e materialista muitas pessoas querem fazer uso dessa expressão para afirmar que o cristão é mais que vencedor em termos financeiros, prosperará sempre, sempre obterar vitórias e conquistará status social. O texto porém, nos fala de vitória em meio ao sofrimento. Não nos diz o texto que somos mais que vencedores porque o Senhor nos livra do sofrimento, mas nos diz que somos mais que vencedores em meio ao sofrimento.
Nossos sofrimentos devem ser vistos como uma prova de nossa união com Cristo e não um motivo para duvidarmos do seu amor.
A esperança do crente não é que escapará da angústia, do perigo, da fome ou da morte; Deus não promete que o sofrimento não vai nos afligir, mas que não vai nos separar do amor de Cristo. A promessa é que o Todo Poderoso fará com que cada uma destas agonias se torne em instrumento de sua misericórdia para conosco. Nossa esperança está firmada no amor de Deus, sob Quem está toda a criação.

"Tenho-vos dito estas coisas, para que em mim tenhais paz. No mundo tereis tribulações; mas tende bom ânimo, eu venci o mundo" (João 16.33).
"Eu vos escrevi, meninos, porque conheceis o Pai. Eu vos escrevi, pais, porque conheceis aquele que é desde o princípio. Eu escrevi, jovens, porque sois fortes, e a palavra de Deus permanece em vós, e já vencestes o Maligno" (1João 2.14).
"Filhinhos, vós sois de Deus, e já os tendes vencido; porque maior é aquele que está em vós do que aquele que está no mundo" (1João 4.4).
"Todo o que é nascido de Deus vence o mundo; e esta é a vitória que vence o mundo: a nossa fé. Quem é o que vence o mundo, senão aquele que crê que Jesus é o Filho de Deus?" (1 João 5.4).


IV – TENDO A CERTEZA DE QUE ABSOLUTAMENTE NADA PODERÁ NOS SEPARAR DO AMOR DE DEUS, V. 38-39.
1. Nenhuma realidade da existência, seja a vida, seja a morte...
“nem a morte, nem a vida”, temos aqui uma alusão á crise da morte e às calamidades da vida.
“Nem os anjos nem os principados”, ele faz uma referência a todos os agentes cósmicos e sobre-humanos, sejam bons ou maus.

2. Nenhuma criatura, nem mesmo Satanás (Jo 10.27-30).
“As minhas ovelhas ouvem a minha voz; eu as conheço, e elas me seguem. Eu lhes dou a vida eterna; jamais perecerão, e ninguém as arrebatará das minhas mãos. Aquilo que meu Pai me deu é maior do que tudo; e da mão do Pai ninguém pode arrebatar. Eu e o Pai somos um.” (Jo10.27-30)
Portanto meu irmão, você está seguro nas mãos de Deus, o maligno não pode lhe tocar, você é propriedade exclusiva de Deus. Viva então de acordo com tão grande amor e valorize sua relação com o Senhor.


CONCLUSÃO: 1. Absolutamente nada pode frustrar o propósito de Deus, e lembremos que ele é por nós, ou invalidar sua generosidade, Ele não poupou a seu próprio Filho. Igualmente ninguém pode acusar e condenar seus eleitos, pois ele já os justificou por meio de Cristo, por fim nada pode nos separar do seu amor.
2. O nosso amor por ele pode ser falho, débil e inconstante, mas o seu amor por nós é inabalável, fiel e perseverante. Assim sendo a doutrina da “perseverança dos santos” bem poderia ser chamada de doutrina da perseverança de Deus com os santos. Pois estamos de pés não por nós mesmos, mas porque Ele nos sustenta.

CALVINO E A PREGAÇÃO

João Calvino era um pregador fabuloso, pregava intensivamente. Todos os dias praticamente suas ovelhas tinham a oportunidade de lhe ouvir pregar o evangelho. Não escolhia um texto a esmo como muitos pregadores de nossos dias que basicamente só pregam mensagens temáticas. Seu método de pregação era expositivo contínuo, ou seja, expunha o texto bíblico e pregava de forma seqüencial livro por livro, versículo por versículo.
Em suas mensagens utilizava uma linguagem simples, compreensível ao povo. Expunha e explicava o texto em seu contexto histórico-gramatical, porém pelo menos 40% de sua mensagem era dedicada á aplicação. Fazia aplicações gerais e específicas para determinadas classes de pessoas. Fazia aplicações polêmicas contra os erros do catolicismo predominante em sua época, levava o povo de fato a pensar acerca de suas atitudes e de suas vidas.
Utilizava-se de uma metodologia extemporânea de pregação, ou seja, embora estudasse minuciosamente o texto, não levava um sermão escrito para o púlpito. Acreditava ele que dessa forma estaria mais à disposição do Espírito. Evidentemente que essa sua atitude deve ser entendida corretamente, para que algumas pessoas que não estudam suas mensagens não pensem ter ele como exemplo. Lembremos que Calvino estudava com afinco tudo quanto iria transmitir do púlpito.
Paralelo à pregação havia em seu ministério a atividade intensa da visitação pastoral, que em certo sentido acaba sendo um complemento da mensagem de púlpito. Desse modo ele não visitava apenas aqueles que se encontravam doentes, mas todos de sua igreja. Era um trabalho preventivo.
Os pregadores de nossos dias deveriam olhar para o passado, para homens como Spurgeon, John Owen, Loyd Jones e sem dúvida também Calvino e tomá-los como exemplo a serem imitados. Sei que pregar expositivamente eleva o grau de dificuldade para o pregador, porém, estou convencido que é o tipo de mensagem mais fiel ao texto bíblico e mais proveitosa espiritualmente para a igreja.

sábado, 12 de setembro de 2009

UM DEUS IRADO

Rm 1.18 – 2.29


INTRODUÇÃO: 1. O significado de ira de Deus.
É triste ver tantos cristãos professos que parecem considerar a ira de Deus como uma coisa pela qual eles precisam pedir desculpas, ou, pelo menos, parece que gostariam que não existisse tal coisa. Conquanto alguns não fossem longe o bastante para admitir abertamente que a considera uma mancha no caráter divino, contudo, estão longe de vê-la com bons olhos, não gostam de pensar nisso e dificilmente a ouvem mencionada sem que surja em seus corações um ressentimento contra essa idéia. Mesmo dentre os mais sóbrios em sua maneira de julgar, não poucos parecem imaginar que há na questão da ira de Deus uma severidade terrificante demais para propiciar um tema para consideração proveitosa. Outros dão abrigo ao erro de pensar que a ira de Deus não é coerente com a Sua bondade, e assim procuram bani-la dos seus pensamentos.
Pois bem, a ira de Deus é uma perfeição divina tanto como a sua fidelidade, o Seu poder ou a Sua misericórdia. Só pode ser assim, pois não há mácula alguma, nem o mais ligeiro defeito no caráter de Deus, porém, haveria, se Nele não houvesse "ira"! A indiferença para com o pecado é uma nódoa moral, e aquele que não odeia é um leproso moral. Como poderia Aquele que é a soma de toda a excelência olhar com igual satisfação para a virtude e o vício, para a sabedoria e a estultícia? Como poderia Aquele que é infinitamente santo ficar indiferente ao pecado e negar-Se a manifestar a Sua "severidade” (Rm.11:22) para com ele? Como poderia Aquele que só tem prazer no que é puro e nobre, deixar de detestar e de odiar o que é impuro e vil?

2. O significado de justiça de Deus em 1.17.
John Stott em seu comentário à epístola de Romanos vai dizer que: “é a iniciativa justa tomada por Deus ao justificar os pecadores consigo mesmo, concedendo-lhes uma justiça que não lhes pertence, mas que vem do próprio Deus. ‘A justiça de Deus’ é a justificação justa do injusto, sua maneira justa de declarar justo o injusto, através da qual ele demonstra sua justiça e, ao mesmo tempo, nos confere justiça. Ele o fez através de Cristo, o justo, que morreu pelos injustos, como Paulo explica mais adiante. E ele o faz pela fé quando confiamos nele, clamando a ele por misericórdia.”


I – A IRA DE DEUS CONTRA AQUELES QUE O DESPREZA, 1.18-32.
1. Pessoas que desprezam a Revelação Divina, 1.18-27.
O apóstolo Paulo trata aqui do fato que o Senhor concedeu a todo gênero humano um testemunho de si mesmo. Esse testemunho é chamado de revelação natural, pois é perceptível na criação, na natureza, como coloca o salmista Davi no Salmo 19.1: “Os céus proclamam a glória de Deus, e o firmamento anuncia as obras das suas mãos.” O que Paulo está dizendo é que os gentios são indesculpáveis diante de Deus em não reconhecer que há um Deus criador, todo-poderoso e digno de adoração. Evidentemente essa revelação na natureza não é útil para o conhecimento da salvação, nem do caráter santo de Deus. Tais homens suprimem a verdade pela injustiça e se tornam alvos da ira divina. Isso porque “trocaram a glória do Deus imortal por imagens feitas segundo a semelhança do homem mortal, bem como de pássaros, quadrúpedes e répteis” v. 23.
O que Paulo viu claramente é que a filosofia grega abraçava facilmente as forma mais grosseiras e superstição e imoralidade.
Em nossa cultura e época não é muito diferente, pois muitos trocam o Senhor pela obsessão ao dinheiro, a fama e o poder.

2. Seu próprio modo de vida já é um castigo de Deus, 1.26 e 27.
Paulo aqui rechaça o comportamento homossexual, mostrando que é contrário à natureza e o próprio procedimento em si já é um castigo de Deus em suas vidas. Entendamos meus irmãos que não há algo mais terrível para alguém do que o Senhor não usar de sua graça para não permitir que tal pessoa venha a ser dominado pelos mais terríveis pecados.
Os movimentos gays obviamente não irão aceitar que a Bíblia condena prática homossexual, ao invés disso procuram interpreta-la segundo seus preconceitos. Desse texto eles dizem que a passagem é irrelevante, visto que o objetivo dele não é ensinar ética sexual, nem denunciar o vício, mas trair a maneira como se manifesta a ira de Deus. De fato o tema do texto não é comportamento sexual, mas se certa conduta sexual é vista como conseqüência da ira de Deus, então é porque ela é desagradável a ele.
Questionam também o que Paulo quis dizer com “natureza”. Afirmam que suas atitudes são naturais a eles, e o que Paulo condena é a prática homossexual por pessoa aparentemente heterossexual.
Ora, “insinuar que a intenção de Paulo seja condenar tos homossexuais somente cometidos por pessoas que são, por natureza heterossexuais é introduzir uma distinção completamente estranha ao mundo das idéias de Paulo, - ou seja, um verdadeiro anacronismo.
Portanto, agir “contra a natureza” violar a ordem que Deus estabeleceu, enquanto agir “de acordo com a natureza” significa comportar-se de acordo com a intenção do criador, sua intenção original de uma relação heterossexual monogâmica.

3. Estão, portanto, mortos em seus pecados, 1.28-32.
Paulo agora retrata várias práticas anti-sociais, as quais, juntas, descreve a derrocada da comunidade humana, na medida em que os padrões desaparecem e a sociedade se desintegra. Tais pessoas, que vivem também hoje dessa forma, estão de fato mortos em seus pecados, como muito bem expressa Paulo em Ef 2.1-3: “Ele vos deu vida, estando vós mortos nos vossos delitos e pecados, nos quais andastes outrora, segundo o curso deste mundo, segundo o príncipe da potestade do ar, do espírito que agora atua nos filhos da desobediência; entre os quais também nós andamos outrora, segundo as inclinações da nossa carne, fazendo a vontade da carne e dos pensamentos; e éramos, por natureza, filhos da ira, como também os demais.”
As pessoas retratadas na epístola conhecem a sentença divina para o seu estado pecaminoso, v. 32; 6.23; porém, não somente praticam como aprovam os que assim procedem. Suprimem a verdade por amor a maldade. Contra esses vem a ira do Senhor.

O Senhor é o juiz supremo, ele julgará você antes do que você imagina.

II – O JUÍZO DE DEUS É SEGUNDO A VERDADE, 2.1-16.
1. Ao Senhor não se engana, 2.1-8.
O nosso apóstolo agora tece uma crítica aos falsos moralistas, àqueles que facilmente apontam o erro dos outros, mas que cometem os mesmos. Tais pessoas estão sempre prontas a julgar, a condenar, e obviamente se consideram mais santas, mais corretas, mais espirituais que as outras.
Na realidade é algo comum nós termos prazer em condenarmos-nos outros as mesmas falhas que percebemos em nós mesmos. Freud chama isso de “projeção”. Thomas Hobes, filósofo político do século XVII, referia-se a pessoas que “se forçam a valorizar a si mesmas observando as imperfeições dos outros”. Jesus nos adverte: “Por que vês tu o argueiro no olho do teu irmão, porém não reparas a trave que está no teu próprio?”
Ao Senhor não se engana, podemos passar por muito justos e santos para aqueles que estão á nossa volta, mas para o Senhor na da está encoberto.

2. Aquilo que semeamos, colhemos, 2.5-11.
No v. 6 está claro que o nosso procedimento atrairá para a nossa vida ou a bênção divina ou a ira divina. Aqui ele está citando provavelmente o Sl 62.12 ou Pv 24.12, que se encontra em forma de pergunta. Ver também Jr 17.10; 32.19.
O próprio Jesus deixa claro que aquilo que o homem plantar isso também ceifará.

3. Seu padrão de justiça é perfeito, 2.12-16.
Do v. 12 ao v. 16 ele vai mostrar como a justiça do Senhor é equilibrada, v. 12. Ele já demonstrou que o Senhor não faz acepção de pessoa, é portanto, imparcial em Seu julgamento.
Quão medíocre e imperfeito é o nosso julgamento. Não podemos julgar, mas acabamos julgando e geralmente somos demasiadamente parciais, demasiadamente severos ou exageradamente brandos quando não se trata de salvaguardar os nossos interesses.


IV – NÃO BASTA CONHECER É NECESSÁRIO VIVER A PALAVRA, 2.17-29.
1. Vivendo em conformidade com o que pregamos, 2.17-24.
Paulo aqui retrata a incoerência deles, que eram presunçosos, pois se consideravam mestres e guias de cegos, mas seus pecados denunciava-os mostrando que não viviam de acordo com o seu discurso.
De igual modo, o baixo padrão espiritual de nossos dias nas igrejas faz com que haja um comportamento por parte de muitos totalmente contrário à mensagem que crêem e anunciam.
Tu que condenas o roubo, és fiel àquilo que é confiado em tuas mãos?
Tu que condenas a mentira, te utilizas dela para teu benefício?

2. Tendo consciência do que somos, 2. 28 e 29.
O apóstolo Paulo explica o que em sentido espiritual é ser judeu legítimo diante de Deus.
Também temos que ter consciência do que somos. Lembre-se que você é:
Luz no mundo, Mt 5.14-16 “Vós sois a luz do mundo. Não se pode esconder a cidade edificada sobre o monte; nem se acende uma candeia para colocá-la debaixo do alqueire, mas no velador, e alumia todos os que se encontram na casa. Assim brilhe também a vossa luz diante dos homens, para que vejam as vossas boas obras e glorifiquem a vosso Pai que está nos céus.”
Ef 5.8 – “Pois, outrora, éreis trevas, porém, agora, sois luz no Senhor; andai como filhos da luz.”
Sal na terra, Mt 5.13 – “Vós sois o sal da terra; ora, se o sal vier a ser insípido, como lhe restaurar o sabor? Para nada mais presta senão para, lançado fora, ser pisado pelos homens.”
Discípulo de Cristo, Jo 8.31 – “...se vós permanecerdes na minha palavra, sois verdadeiramente meus discípulos...”


CONCLUSÃO: O apóstolo Paulo apresenta a realidade da miséria humana em um contexto interessante. Ele nunca perde de vista as boas novas de Cristo. Em 1.17 ele afirmou que “no evangelho é revelada a justiça de Deus”. Em 3.21 ele irá repetir essa colocação quase palavra por palavra: “Mas agora se manifestou uma justiça que provém de Deus...”. É entre estas duas significativas afirmações da revelação da graciosa justiça de Deus que Paulo encaixa o terrível quadro da iniqüidade humana (1.18 – 3.20).

O QUE É A PÓS-MODERNIDADE?


O termo pós-modernidade tem um significado muito amplo. Mas, de uma forma resumida podemos dizer que a pós-modernidade é o período histórico-filosófico que vivemos atualmente. Ela questiona a racionalidade da modernidade, apresentando-se como vencedora da modernidade que caracterizou a cultura até agora. É evidente também que muitos há que não concordarão com essa definição. Há até aqueles que dirão que não existe qualquer pós-modernidade.

O que constitui essa pós-modernidade, e como cristão como devemos nos portar?

O que mais nos interessa aqui quanto a pós-modernidade é justamente o fato de que ela representa todo relativismo nos conceitos éticos. A ética judaico-cristã está ultrapassada, em sua substituição a ela cada um poderá viver segundo seus próprios conceitos éticos. A verdade também é vista como algo relativo, cada um pode viver de acordo com sua própria verdade, o importante é que você seja politicamente correto, ou seja, não ofenda a ninguém, não coloque absolutos morais para ninguém (até porque eles não existem), agrade a todos (ou pelo menos tente agradar). É o relativismo a grande marca da pós-modernidade.

O pragmatismo também é outra marca relevante. Fazer algo não porque é certo, mas porque dá certo. Uma pessoa pragmática quer saber se em sua forma de agir vai conseguir atingir o seu objetivo, não importando se os meios utilizados são lícitos ou não.

Também o pensamento pós-moderno critica os modos clássicos do conhecimento, defende que é impossível que o ser humano, tenha um conhecimento certo, seguro e exato da realidade. É o que é chamado de “pensamento débil”. E isto é muito sério, porque quem se baseia nessa posição pode alegar que ninguém tem o direito de criticar a sua interpretação de qualquer texto, inclusive das Escrituras, afinal, não há como saber a interpretação correta.

COMO A IGREJA DEVE REAGIR?

A reação da igreja diante de tudo isso deve ser uma só, apegar-se à Palavra e não negociar os absolutos do genuíno evangelho. A igreja não pode se deixar levar pelo pensamento pós-moderno, deve lutar contra sua influência; “E não vos conformeis com este século, mas transformai-vos pela renovação da vossa mente...” (Rm 12.2a). Sabemos que infelizmente a igreja tem sido muito influenciada, mas que não venhamos a nos conformar com isso, que possamos nadar contra a correnteza. O desafio é grande, mas façamos nossas as palavras de Paulo ao jovem pastor Timóteo: “Porque Deus, não nos tem dado espírito de covardia, mas de poder, de amor e de moderação.” (2 Tm 1.7)